Congresso Internacional Jacques Derrida e a desconstrução: promessas e desafios
Data: 02-10-2025 08:00
Local: Universidade de Évora
Email: derridaevora@gmail.com
Sobre a desconstrução escreveu Jacques Derrida (1930-2004) o seguinte: «A desconstrução não é um método e não pode ser transformada num método. Sobretudo se acentuarmos no termo método a sua significação procedimental ou técnica. É verdade que, nalguns meios (universitários ou culturais, penso especialmente nos Estados Unidos), a metáfora técnica e metodológica, que parece necessariamente vinculada ao próprio termo desconstrução, conseguiu simultaneamente seduzir e afastar. Daí o debate que se desenvolveu em certos meios. Pode a desconstrução vir a ser uma metodologia da leitura e da interpretação? Pode ela ser reapropriada e domesticada pelas instituições académicas? Não basta dizer que não é possível reduzir a desconstrução a uma qualquer instrumentalidade metodológica, a um conjunto de regras e de procedimentos transponíveis. Não basta dizer que cada “acontecimento” da desconstrução é singular ou, pelo menos, aproxima-se o mais possível de qualquer coisa como um idioma ou uma assinatura. Seria ainda necessário dizer que a desconstrução não é nem um acto nem uma operação. Não apenas porque há nela qualquer coisa de “passivo” ou de “paciente” (…). Não apenas porque ela não remete para um sujeito (individual ou colectivo) de quem teria partido a iniciativa e que a aplicaria a um objecto, um texto, um tema, etc. A desconstrução acontece, é um acontecimento que não depende de uma deliberação, da consciência ou da organização de um sujeito ou mesmo da modernidade. Isto desconstrói-se.» (Psychè – Inventions de l’autre, 1987)
Neste texto, que faz parte de uma famosa carta dirigida a um amigo japonês interessado em traduzir para a sua língua o termo desconstrução, Derrida adverte-nos para alguns dos riscos que este termo comporta. No entanto, o certo é que a desconstrução passou, a partir de certa altura, a ser (e de um modo quase automático) associada ao nome do filósofo francês. Pouco importa se essa associação é feita de um modo plenamente justo ou rigoroso. A verdade é que a obra imensa de Jacques Derrida contribui, como a de poucos filósofos, para repensar (outro termo para traduzir o que desconstruir pode significar) não só a filosofia, como também as artes, a política ou até a religião.
O PRAXIS – Centro de Filosofia, Política e Cultura organiza na Universidade de Évora (Portugal) nos dias 2, 3 e 4 de Outubro de 2025 o Congresso Internacional Jacques Derrida e a desconstrução: promessas e desafios. Os objectivos principais do evento são, por um lado, revisitar alguns dos contributos mais decisivos da desconstrução para pensar questões decisivas da nossa contemporaneidade e, por outro, homenagear a figura e a obra de Jacques Derrida, enquanto interlocutor privilegiado da tradição filosófica e do porvir do pensamento. Daí o título do Congresso integrar os conceitos de promessa e de desafio. É que é justamente disso que se trata: Procurar perscrutar quais as promessas e os desafios que nos são lançados, hoje, pela desconstrução.
Aceitam-se propostas de comunicação em Português, Inglês, Francês e Espanhol. Estas devem ser submetidas num ficheiro .docx ou .pdf, até ao dia 31 de Maio de 2025, através do email derridaevora@gmail.com. Não devem ultrapassar as 350 palavras, fazendo-se acompanhar de um um máximo de 5 palavras-chave. A decisão da aceitação das propostas de comunicação será enviada aos proponentes por email, até ao dia 30 de Junho de 2025.