FILOSOFIA E GÉNERO. OUTRAS NARRATIVAS SOBRE TRADIÇÃO OCIDENTAL
Autor: Fernanda Henriques
Editor: Colibri
Ano: 2016
Indice:
Apresentação
Prefácio – Mª Irene Ramalho
PRIMEIRA PARTE: Princípios hermenêuticos reguladores da leitura proposta neste livro
Capítulo 1: Porquê este livro? Capítulo2: Em busca de uma legitimidade filosófica ou a relação Filosofia/História da Filosofia Capítulo 3: Construir uma memória histórica: uma necessidade para os Estudos Feministas Capítulo 4: É possível narrar o passado filosófico de outra maneira?
SEGUNDA PARTE: Subsídios para narrar de outra maneira a tradição ocidental
Introdução
Capítulo 1: Em busca de algumas raízes: Duas incursões interpretativas 1.1- A herança grega – as ambiguidades da cultura e da filosofia Gregas 1.2- A complexidade da concetualização das mulheres e do feminino na Idade Média: “teologização” da inferioridade feminina e da sua idealização
Capítulo 2: A Idade Moderna e a dimensão pública do debate pela cidadania no feminino 2.1 - Exploração da herança cartesiana 2.2 - A Revolução Francesa e a criação da Sociedade Moderna: inclusão e exclusão
Capítulo 3: As grandes mudanças paradigmáticas da segunda metade do século XX e a afirmação sistemática das mulheres no espaço público e no debate teórico como sujeitos de enunciação 3.1. A situação das mulheres-filósofas no mundo contemporâneo: questões e percursos 3. 2 - Em busca de uma epistemologia da racionalidade fecunda para os Estudos Feministas 3. 3 – Ganhar o espaço público: o sentido fundador da obra de Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo 3. 4. – A dificuldade de questionar os cânones: Luce Irigaray e a fundação do ‘pensamento da diferença sexual’ 3. 5 - As filósofas contemporâneas e o questionamento das perspetivas tradicionais sobre a ética
BIBLIOGRAFIA
"Este livro de Fernanda Henriques coloca-se como resposta a uma interrogação que recorrentemente a tem perturbado e que retoma em muitos dos seus escritos: como foi possível uma dominação masculina tão forte que relegou as mulheres para a esfera dos não existentes? (…)Nele a autora propõe-se dar visibilidade às mulheres nos domínios da filosofia e da cultura, completando a pergunta inicial com outra que a reforça: “como pôde a dominação masculina ter sido aceite”? (p. 13). O que a leva a uma dupla abordagem: encontrar as razões desse silenciamento e mostrar que ele constituiu um obstáculo para o desenvolvimento de um pensamento feminino, não conseguindo no entanto impedir a sua manifestação. (…)E é em Paul Ricoeur que FH encontra o contexto legitimador da leitura que nos propõe, norteando-se pelo desafio de que é preciso relatar de um modo diferente a tradição filosófica (“raconter autrement”, p. 27). Esta orientação é aplicada às mulheres que ao longo dos tempos se dedicaram à filosofia. O que implica uma atenção permanente às condições culturais em que os seus contributos se inseriram, sem que no entanto se caia numa perspectiva histórica. Mais do que evidenciar o modo como as mulheres foram maltratadas pelos filósofos, a intenção deste livro é mostrar que apesar desta discriminação elas nunca deixaram de marcar a sua presença. Deste modo somos colocados perante uma desocultação. O que exige uma reconfiguração da filosofia e da sua história (p. 35), numa tentativa de desconstruir o padrão masculino ainda hoje visível. A temática ricoeuriana da relação entre memória e história marca toda a primeira parte e tem como objectivo essencial a construção de uma “justa memóra” (p. 37), ou seja, a reconciliação entre identidade e tempo, revisitando e reconhecendo o legado das filósofas. A norma do “raconter autrement” aplicada às mulheres e ao feminino consiste em dar às primeiras a possibilidade de se afirmarem como sujeitos de enunciação, prescindindo do olhar masculino que durante séculos foi protagonista exclusivo no campo da racionalidade."
Extraído da
recensão de Mª Luisa R.Ferreira publicada na Revista Portuguesa de Filosofia, 2017.