Marta Faustino (IFILNOVA/Universidade Nova de Lisboa) é a oradora convidada para a conferência inaugural do Ciclo de Conferências sobre Ação e Ética, organizado pela Licenciatura em Filosofia da Universidade da Beira Interior (Departamento de Comunicação, Filosofia e Política) e pelo PRAXIS – Centro de Filosofia, Política e Cultura. 

A conferência decorrerá no dia 20 de fevereiro de 2024, no Auditório da Biblioteca Central, a partir das 10 horas, e tem como título “Da Vida Feliz. Nietzsche e o Debate Contemporâneo sobre a Felicidade”. 

Resumo: 

“O ser humano não procura a felicidade; só os ingleses o fazem” (Crepúsculo dos Ídolos, Máximas e Dardos, 12). Com base nesta e noutras afirmações semelhantes, Nietzsche é frequentemente interpretado como desprezando ou até mesmo rejeitando qualquer possível concepção (ou procura) da felicidade e daquilo a que os antigos chamavam “vida boa”. E, no entanto, um dos temas mais omnipresentes na obra de Nietzsche é o problema do sofrimento humano, a procura de um sentido (ou propósito) para a vida e a possibilidade de uma disposição alegre ou afirmativa perante a existência. Nesta apresentação, procurarei mostrar que a crítica nietzscheana a concepções comuns da felicidade deve ser vista como uma complexificação – e não uma rejeição – da própria noção de felicidade, com implicações importantes para o debate contemporâneo sobre o tema. Depois de contrastar a posição nietzscheana com três das mais importantes teorias contemporâneas sobre a felicidade – o hedonismo, a teoria da satisfação do desejo, e a teoria da lista objectiva –, procurarei sublinhar, de um ponto de vista nietzschiano, a relevância de se alcançar um sentido ou propósito para a vida (em detrimento do prazer, da satisfação ou de quaisquer bens particulares) e de apontar alguns contributos importantes de Nietzsche para os debates contemporâneos em torno da felicidade, do sentido e do bem-estar na vida humana.