O Grupo de Trabalho (GT) “Política, Sociedade e Religião” do PRAXIS encara a prática consequente da Filosofia como a problematização oportuna de uma experiência. Não de uma experiência qualquer, mas de uma experiência determinada pelo presente, pela actualidade à qual o próprio filósofo pertence e sobre a qual ele é chamado a pensar, escrever, falar. De que modo a questão do presente se torna para mim num acontecimento filosófico? O que se passa hoje, aqui e agora, nesta sociedade da qual eu sou um cidadão activo? Como posso distinguir, como posso decifrar este presente? Como posso caracterizar este “agora” ao qual eu próprio pertenço e em relação ao qual me devo posicionar? O que é que neste presente me pode incitar a uma experiência filosófica digna deste nome? Qual é a minha actualidade? Qual é o sentido dessa actualidade? Qual a natureza e qual o campo específico das experiências – políticas, sociais, religiosas – que posso fazer? E o que é que eu realmente faço quando escrevo, quando debato, quando julgo essa actualidade à qual pertenço? Que tipo de acções sou eu capaz de exercer no interior desta actualidade?
Como em toda a experiência genuína, também a experimentação especificamente filosófica passa por uma provação intensa, implicando travessia, prova, perigo, risco. Cada experimentação genuinamente filosófica é por isso uma tentativa e um ensaio praticado sem reservas, conscientemente entregue ao perigo da sua própria falta de apoio e de segurança em “objectos” previamente constituídos. Mas isso, que poderá parecer a alguns um obstáculo ou um escolho inultrapassável, tem sido para o GT de “Política, Sociedade e Religião” um incentivo e um encorajamento a uma experiência filosófica capaz de criar conceitos novos, mesmo quando ele recorre à não-filosofia.
Disso são exemplo os nossos seminários e colóquios ao longo dos últimos anos, muitos deles disponíveis em livros de alta qualidade científica de que a sociedade civil pode hoje usufruir. Estudámos com exaustão as teorias políticas contemporâneas e os seus principais autores. Reflectimos com rigor sobre a natureza e as transformações do Estado hodierno e sobre as crises da democracia. Debruçámo-nos com afinco sobre as tradições do liberalismo, o político como o económico. Estudámos com profundeza os direitos humanos num tempo de migrações e interpelámos a natureza dos populismos e as políticas da identidade. Aprofundámos os estudos existentes sobre as ideias de educação, justiça e tolerância nas sociedades demo-liberais. Debatemos com vigor a religião, a violência, o terrorismo e publicámos o resultado das nossas investigações sobre secularização e teologia política. Mais recentemente, cruzámos os saberes políticos e as reflexões éticas e concluímos pela necessidade de aprofundar o ainda muito pouco que sabemos sobre a optimização cívica das nossas emoções. Questionámos as actuais formas de vida na sua relação com a economia e a sociedade contemporâneas e relançámos na agenda da filosofia política a ideia de emancipação humana. Por último, estamos neste momento a estudar a consistência das ideias de humanidade do humano e de naturalidade da natureza num cenário pós-humano determinado pela tecnologia.